Apr 17, 2008

Can mommy have her Vogue NOW?


Eu gosto de roupa. Sobretudo de roupa bonita, boa, e barata. Gosto de roupa assinada porque me interesso por criação artística e o estilismo é-o como outra qualquer. Gosto de acessórios de todo o tipo e conto, ao longo da minha vida, acumular peças especiais de todos os cantos do mundo. Não muitas, caso contrário deixariam de ser especiais. Acredito na frase feita que diz que todos nos exprimimos através da roupa que escolhemos envergar e que aquelas pessoas que dizem não dar qualquer importância à mesma estão a exprimir-se também, à sua maneira. Nunca julguei ninguém pela aparência (o assunto aqui abordado pode suscitar confusões) e a prova viva disso é o meu "grupo" de amigos, que podia muito bem protagonizar uma campanha publicitária da Benetton nos seus bons tempos. E eu gosto disso. Sempre me fez confusão pertencer a um grupo social fechado, em que todos se vestem da mesma forma e há uma espécie de competição mental não assumida para ver quem é mais arrojado ou fiel a uma ideia qualquer sem fundamentação teórica alguma. Para mim seria praticamente o mesmo que ingressar num colégio com farda obrigatória.
De qualquer modo, a minha ideia era apresentar-vos um desafio aqui no blog, mas evoluiu para uma missiva endereçada a alguns desses amigos e conhecidos na qual lhes pedi que me mencionassem a peça ou acessório pessoal mais significativa para cada um, comprada em Portugal e no estrangeiro, caso a houvesse.

As respostas foram:

"Uma t-shirt com inspiração Manga comprada em Madrid em 2000. Havaianas compradas no Brasil / Salvador da Bahia em 2005, lindas, lindas, lindas! Uma das minhas melhores compras. Um casaco igual ao da Julie Andrews no Música do Coração, comprado na Mango em 2006, com o qual me sinto regressar à minha infância." (Ana, 32 anos)

"Umas sapatilhas pretas Puma compradas em Leeds, lembras-te? Usei-as até se romperem. Na versão nacional vou eleger um casaco de peles (falsas, claro) da Mango oferecido pelo meu rapaz." (Joana V., 25 anos)

"A única peça à qual me apeguei foi a um anel oferecido pelo meu namorado há pouco tempo. E por ter sido ele a oferecer-mo." (Maria, 26 anos)


"Acho que não tenho assim nada de especial..." (Sara, 28 anos)

"Uma camisa de seda branca comprada na Massimo Dutti e escolhida pela minha filha. Os meus anéis de prata." (Glória, 50 anos)

"Um anel de prata com pedra triangular em lápis-lazuli oferecido pela minha mãe. Na altura era modelo único e um dia perdi a pedra. Mas conseguimos arranjar um igualzinho 3 anos depois! É muito importante para mim pelo valor simbólico e sentimental. Um chapéu comprado na Retroparadise na Rua do Almada no Porto que mandei forrar a branco e aplicar uma rede tapa-rosto. Todas as roupinhas que fui comprando para a minha filha. Na versão internacional, uma carteira Prada de contrabando comprada por 15 euros na Praça de Espanha em Roma e que é de óptima qualidade!" (Joana, 28 anos)


"Um colete branco de penas comprado em Barcelona durante a viagem de finalistas do secundário. Um casaco de cabedal da Mango que me foi oferecido pelos meus pais. As minhas primeiras all-stars..." (Andreia, 26 anos)

É curioso ver pela amostra que tudo o que possuimos de material tem uma ligação directa com alguém especial, com uma ocasião importante, com sentimentos. Acho que é esta a maior prova da importância da moda e daquilo que ela espelha de nós. Sintam-se livres para responder à questão, continuo curiosa...

6 comments:

fina estampa said...

umas doc martens pretas e um blazer azul marinho de veludo

(Penso, Logo Escrevo...) said...

Gostei muito do seu Blog.
É bom encontrar textos que nos dão prazer de lê-los.
Continue sempre a escrever...
Abraços

Quanto ao texto , ainda tenho que pensar para responder.rsrsrssr

Joana de Sousa Costa said...

Adorei o texto, também acho que a moda é uma arte subvalorizada e sempre associada a alguma superficialidade. Quanto às minhas peças ou acessórios preferidos são tantos que me custa enumerá-los, mas posso garantir que são todos especiais e intemporais: os brincos que usei no baile de finalistas, as primeiras sandálias de salto, a camisola da minha mãe, os brincos comprados à socapa na primeira saída em reportagem numa feira medieval, o primeiro casaco comprado com o "meu" dinheiro...sempre roupas e momentos interligados:)

Unknown said...

Achei imensa graça ao blog (caí nele absolutamente por acaso), porque me identifico com o título: também sou muito ambivalente, mas balanço-me mais entre a Holla! e o F. Pessoa...
Respondendo ao desafio, um vestidinho preto que perdura há anos no armário, sempre actual, sempre sexy (!) comprado na ZARA e que continua a ser a peça!
No estrangeiro, em Toulouse e com duas décadas em cima, já vintage, claro... um cinto Moschino, lindo, cada vez mais "meu". Não me foi dado por ninguém, lamento o desacordo com o espírito do desafio, mas tem uma enorme carga afectiva, porque faz parte da história da minha vida que teve um tempo toulousano.

Felicidades para o blog

Queen P said...

Descobri o teu blog por acaso e gostei muito, Madonna rules!
Quanto a peças emblemáticas, não visto nada de que não me pudesse separar, mas adoro um top cravejado de lantejolas prateado da Hoss Intropia.

vague said...

estive a pensar no que trouxe de várias viagens e vejo que tenho sobretudo (e de alguma forma é uma surpresa para mim)


___bijuteria

.brincos comprados o ano passado em Trier, numa loja cujas paredes pareciam forradas com bijuteria.

.um anel de prata comprada num atelier em pleno centro de Luxemburgo, calmo e organizado; não tinha as paredes forradas;)

.brincos comprados no mercado de Amsterdão (juntamente com um peluche igual aos outros mas que achei q tinha de trazer)

.brincos comprados no MOMI (museum of the moving image) em Londres

.brincos comprados aos artistas de rua, em Praga

e acho que tenho mais recordações, mas assim de repente não me lembro de mais. os brincos é que, como me acenam todos os dias do seu habitáculo... :)