De Lacroix pode dizer-se muita coisa, a pompa e a linguagem gritante dos seus vestidos fará sempre as apresentações do estilista sem necessidade de recurso às palavras. Mas, na edição de Novembro da Vogue Portugal, descobri o outro lado do artista, na sua dimensão humana.
"Sempre gostei de coisas interessantes e baratas. Tenho de confessar que, na arena da Alta-Costura, as coisas são demasiado caras. Se um vestido é todo bordado à mão, tudo bem, tens de pagar à rapariga, mas lembro-me de ter entrado numa loja em Paris, a minha preferida, e de ter encontrado um casaco, aquele casaco que estava à minha espera desde que nasci, mas custava 7000 euros, até pensei que o preço estava errado. Pu-lo de parte, tornou-se desinteressante. Não é que fosse um preço insuportável para mim, mas existem outras coisas, percebe?
(...)
Houve um período na minha vida em que fui, não diria fraco, mas segui demasiado os conselhos dos outros e desperdicei algum tempo. Foi durante os anos 90, quando me pediam para fazer 'Lacroix', em vez do que a minha intuição me dizia, que era para seguir em frente, abandonar a nostalgia e as colecções demarcadas de períodos históricos, até porque estava mais interessado em fazer Arte Contemporânea. Não é mau continuarmos ligados às nossas raízes, mas estás sempre a mudar, estamos a mudar neste minuto em que estamos os dois aqui, diferentes do que éramos os dois a almoçar naquela mesa, há minutos atrás. E, principalmente neste novo milénio, em que tudo é tão rápido, tens de estar atento. Por isso, a minha meta é exprimir o que eu sou, a minha verdade, com orgulhos, mas sem ser pretensioso ou me superiorizar. Para que não chegues ao fim da vida com vergonha ou arrependimento. Esta vida já está, tem sido boa, mas agora que venha a próxima!"
2 comments:
Eu também leio a Vogue e Saramago!
Vou voltar com mais tempo e a horas decentes para poder apreciar este espaço convenientemente!
Beijinhos,
R
Moda é arte:-)
Volta sempre e aceitam-se sugestões.
Beijinhos*
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